quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

FELIZ 2010

O GRUPO ÁRVORE DA VIDA DESEJA A TODOS OS AMIGOS

Reflexão para Janeiro de 2010:COPENHAGUE... AS MESMAS PULGAS, CARRAPATOS E PIOLHOS.: Lélio Costa e Silva

Esta história foi escrita em 1995, três anos após a realização da Rio-92, uma conferência sobre o meio ambiente, da qual nasceram tratados, documentos e compromissos importantes como a Agenda 21. Infelizmente, o recente exemplo de Copenhague demonstra que a situação não mudou...

ATITUDES ECOLÓGICAS
Lélio Costa e Silva

Eram 169 pulgas, 38 carrapatos e 75 piolhos. Todos moravam num cão de rua. Naquele “planeta” os carrapatos preferiam o interior das orelhas, dedos, cernelha e axilas. As pulgas viviam no dorso, lombo e abdômen do cãozinho. Os piolhos no restante.
O cãozinho era uma coceira só. Sugavam-lhe o sangue injetando uma saliva irritante. Dia e noite, domingos e feriados,
Um dia alguém percebeu que o alimento estava caindo de qualidade – um sangue ralo e cada vez mais cor-de-rosa. Seria necessária uma assembléia para que todos os moradores se encontrassem. Na semana seguinte, teve início a Primeira Conferência Planetária do Meio Ambiente. O local escolhido foi o dorso do animal. Compareceram 292 pulgas, 94 carrapatos e 101 piolhos.
Logo uma pulga fez uso da palavra:
- Senhoras e senhores: tenho observado uma drástica diminuição dos recursos naturais. O planeta está morrendo. Ele está anêmico!
- As culpadas são vocês mesmas, suas pulgas apressadas... atacou uma fêmea de carrapato inchada de sangue.
- Que nada, nós até sabemos reciclar, disse uma das pulgas.
- Não entendi, disse um piolho.
- Nossas larvas, futuras pulgas, são alimentadas com os nossos próprios dejetos... isto é ou não reciclagem?
- Acho que tudo é uma questão política, completou outro carrapato.
E a reunião prosseguia acalorada. De repente, o “planeta” começou a balançar...
- Efeito estufa? Aumento da temperatura global? Queimadas? Terremotos? O fim do mundo?!
Na verdade era o cãozinho que se coçava desesperadamente num solitário jequitibá...
Ouvindo toda a discussão a árvore tentou ajudar:
- Calma gente, o mundo ainda não está acabando, mas se vocês não tomarem certas “atitudes ecológicas” isso irá acontecer...
- “Atitudes ecológicas”, como assim? Perguntaram todos ao mesmo tempo.
- Façam silêncio que logo lhes explico, pediu a árvore solitária.
Todos ficaram quietos para escutar.
-Antigamente essa praça era uma linda floresta. Inúmeras árvores de variadas espécies. Aqui viviam jequitibás, braúnas, sapucaias, cedros, ipês, jacarandás, vinháticos e muitas outras árvores. Produzíamos flores, frutos, abrigo, sombra e madeira. As folhas mortas e os restos e os restos dos animais apodreciam rapidamente com a ação do calor e da umidade freqüente. Assim, todos os nutrientes eram devolvidos à terra, alimentando-nos e possibilitando o nascimento de novas plantas. Tudo aqui era biodiversidade. Existiam orquídeas, bromélias, cipós e toda a vida animal.
E continuou:
- As copas das árvores amenizavam a queda da água da chuva que suavemente deslizava entre os galhos. Portanto, o solo não secava, nem rachava. Não havia erosão. De vez em quando, cortavam algumas árvores. Nem precisavam plantar de novo. Nós mesmas fazíamos o replantio, com a ajuda dos morcegos frugívoros, cutias, gralhas, borboletas, beija-flores e até do vento. Todos tomavam a “atitude ecológica” de participar, espalhando as sementes, enterrando-as ou polinizando as flores. Assim a floresta se sustentava.
- Mas um dia começaram a desmatar além da conta... Logo fiquei sozinha. Hoje virei mictório de cães e de gente, Sofro muito com o xixi que fazem em mim. As minhas folhas são impiedosamente varridas. Não têm mais o direito de apodrecer ao pé da árvore-mãe.
- Mas afinal, que atitudes ecológicas poderíamos tomar? Perguntou um piolho, muito aflito.
É cada um procurar meios de sugar sem exageros o alimento e dar ao “ planeta” o tempo de se recuperar, respondeu o jequitibá.
- Vamos ter que sobreviver economizando, lembrou um carrapato demonstrando preocupação – afinal todos nós podemos jejuar mais de um mês...
E assim a reunião esquentou. Foram criados manifestos e leis ambientais. Foi publicada a “Carta dos Ectoparasitas”. Os delegados foram eleitos. Todos se comprometeram a assumir atitudes ecológicas em favor do “planeta”.
Ao final dos debates, já havia 3.090 pulgas, 2.348 carrapatos, 2.251 piolhos.
No dia seguinte, o cão morreu.




Para refletir:
• O cão no texto representa o Planeta Terra e as pulgas, piolhos e carrapatos os seus habitantes.
• O sangue ralo e de baixa qualidade demonstra a exaustão dos elementos naturais do Planeta e um modo predatório de desenvolvimento.
• A população dos ectoparasitos só aumentou com o decorrer do tempo.
• Efeito estufa? Terremotos? Aumento da temperatura global? Essas indagações demonstram que os ectoparasitos tinham uma visão global da situação.
• A descrição da árvore corresponde ao procurado “desenvolvimento sustentável”.
• “As folhas mortas e os restos dos animais apodreciam”... No texto representam o lixo que pode ser totalmente reciclado.
• Os morcegos frugívoros, cutias, gralhas, borboletas, beija-flores e o vento representam os trabalhadores do Planeta.
• “Mas um dia começaram a desmatar além da conta...” Esta descrição representa a voracidade, a falta de limites, o utilitarismo exacerbado na busca imediata do lucro, desconsiderando-se o futuro do Planeta.
• “É cada um procurar meios de sugar sem exageros o alimento e dar ao planeta de se recuperar, respondeu o jequitibá” . Esta é uma ação coerente com o desenvolvimento sustentável.
• E a reunião esquentou. Foram criados manifestos e leis ambientais. Foi publicada a “Carta dos Ectoparasitos”. Os delegados foram eleitos... Você já viu essa cena antes?
• Ao final dos debates, já haviam 3.090 pulgas, 2.348 carrapatos, 2.251 piolhos. No dia seguinte, o cão morreu. Isto demonstra que as providências não saíram do discurso.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

FELIZ NATAL E UM 2010 CHEIO DE LUZ E PAZ

A todos os amigos e seguidores que o Natal seja um dia de Luz , Paz e Reflexão

By: Marli Ribeiro

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Reflexão para Dezembro: GIGANTES PELA PRÓPRIA NATUREZA :Lélio Costa e Silva

Esta fábula não tem tempo certo de acontecer. Nela também os bichos, as plantas e os humanos conversam...
Então os seres humanos resolveram promover um concurso no mundo para descobrir quem seriam os maiores seres vivos do Planeta. Anúncios foram colocados em todas as regiões da Terra - desertos, oceanos, florestas e continentes gelados. Os que viviam na beira do mar logo afirmaram:
- É a baleia-azul! Seu peso passa das 150 toneladas e pode medir até 30 metros! E uma cria dela mama 380 litros de leite por dia!
- Ora, é a girafa, alguém gritou lá na África.
- Por um acaso alguém já viu um elefante? Exclamou outro. Só para se ter uma idéia um filhote já nasce com 100 quilos!
De uma floresta brasileira, alguém disse que seria uma árvore que se chamava jequitibá.
- É, mas no Brasil vi uma cobra sucuri, com mais de dez metros! Gritou outro.
- Ei!Ei! : vocês já viram uma anta? É o maior mamífero terrestre brasileiro!
E a polêmica se instalou. Reunidos para a escolha do maior “bicho", ou "planta" do mundo, aqueles humanos não se entendiam. Resolveram então nomear uma comissão para sair pelo mundo, com fitas métricas e trenas, para descobrir quem seria o maioral. O primeiro bicho encontrado foi a Baleia Azul. Como chegar perto de tão enorme animal? Difícil! Só se for de navio. Vamos lá, disse um mais audacioso.
- Olá Baleia Azul! Queremos saber se você é o maior ser vivo do mundo, indagaram entusiasmados.
- Se sou a maior é porque tem um motivo...Vocês sabiam que existem outros seres que somados são maiores que eu ? Como sou uma baleia filtradora, me alimento dos "gigantes pela própria natureza”...
- Gigantes o que? Perguntaram todos.
- Ora, numa gota de água, criaturas fantásticas vivem, reproduzem-se e morrem num mundo em que não há separação entre plantas e animais. Embora estas multidões microscópicas pareçam para muitas pessoas, insignificantes, são a base de toda a existência superior - sem elas a vida não seria possível. Experimentem examinar uma pequena porção de água do mar ao microscópio. Vocês verão trilhões de organismos vegetais e animais que nela flutuam e que a Ciência denomina "plâncton" - uma palavra que vem do grego planktos, que significa nadando. Infinitos seres “invisíveis” que asseguram o ciclo da vida. Só num verão - continuou a baleia, chego a comer em apenas um dia oito toneladas desses "gigantes". Eles em conjunto são muito maiores que eu... É tudo uma questão de entendimento de que no mundo, qualquer que seja o tamanho, cada um tem a sua função.
- E você Jequitibá, perguntaram já no Brasil, aqueles seres humanos curiosos.
- Dizem que sou uma árvore das mais altas da Mata Atlântica, mas cá de cima dos meus 50 metros vejo que não é bem assim.
- Como? Não estamos entendendo...
- Primeiro quero lhes dizer que não vivo sozinha: sou uma comunidade com milhares de amigos. Sei do valor e do significado de cada espécie que mora comigo, minha memória é sempre fecunda. Nunca me esqueço dos fungos, bactérias, aranhas, insetos ao infinito: borboletas, besouros, pernilongos, baratas, traças e também das lindas orquídeas pequeninas...
- E vocês já repararam como o ar vive cheio de micróbios?
- Micróbios?
- Sim, os menores seres do mundo são chamados de micróbios. Eles exigem um microscópio para poderem ser vistos. Quantas bactérias e vírus existem nesse mundo? Sabiam que bactérias, fungos, algas, liquens e vírus flutuam em correntes de ar numa estimativa que varia de dez a dez mil microorganismos por metro cúbico? São eles os "gigantes pela própria natureza"!
- Querem outro exemplo? Estão vendo aquelas formigas ali? Elas fazem parte dos insetos sociais, além das abelhas, cupins e outros. Chegam a formar colônias de até quinhentos mil indivíduos trabalhando unidos! Mas isso não é nada se lembrarmos que a maioria dos animais do planeta têm seis pernas, isto é, são os insetos . E nem todos descobertos e conhecidos de vocês. Para cada ser humano no mundo existem proporcionalmente cem milhões de insetos !
- Olhem agora para o chão onde pisam : Nele tem bicho pequeno, grosso, achatado, fino, liso... Lesmas, escorpiões, lacraias, carrapatos, minhocas... Cada um diferente do outro, muito escondidos, mas sempre juntos! Em uma colher de sopa de terra fofa, úmida e cheirosa da mata podem existir dez bilhões de bactérias!
- Assim, não sobrevivo muito tempo e nem vocês, sem a ajuda deles. Por sua causa cada folha seca no chão vira nova folha cá em cima nos meus galhos. Todos juntos em sua diversidade. Até as nuvens se juntam para trazer a chuva. E é essa a nossa grande riqueza - sempre estamos unidos. Por isso é preciso considerá-los também gigantes. Pela sua própria natureza.
- Só mais um lembrete , disse o jequitibá .
- Sim, concordaram prontamente aqueles humanos.
- "Olhem " também para dentro de vocês. Para o próprio corpo... Em uma boca de um ser humano pode existir um bilhão de bactérias por centímetro quadrado! Elas estão na pele, especialmente nas partes mais úmidas: axilas e entre os dedos. Também revestindo as fossas nasais, ouvidos e entre as bolsas das gengivas e dentes. A maioria vive, no entanto, no aparelho digestivo. Enfim 10% do peso (seco) do ser humano e dos outros mamíferos é composto por bactérias! Um continente de micróbios - gigantes pela própria natureza, dentro e em torno de vocês.
- Meu Deus, então estamos doentes!
- Nada disso, a maioria não produz doenças num corpo com saúde equilibrada. Não é correto lembrar-se das bactérias só por causa das doenças. Sabiam que existem bactérias que comem o lixo que produzimos como petróleo, plásticos, restos industriais, domésticos e até inseticidas?
- Nossa! Quantas lições! exclamaram todos, guardando as fitas métricas e outros instrumentos para medir.
- Esse é o nosso olhar sobre a natureza... completou o jequitibá.
E assim, ninguém disse mais nada. Todos descobriram que pensando apenas no "grande" e esquecendo os "pequenos" haviam se separado do verde, do ar, da água, da terra e deles mesmos. Tinham aprendido a ver o mundo com o microscópio e o coração.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Reflexão para Novembro:A RELIGIOSIDADE DOS BICHOS E PLANTAS - Lélio Costa e Silva

Enquanto isso em um zoológico: “Moço esse bicho não merece viver. Ele tem parte com o ‘demo’, isso não é criação de Deus”... disse uma mulher ao ver as cobras jiboias tomando um banho de sol.


Vede os peixes que são Cristos em grego. Submergem nas águas poluídas e nada bentas, muito menos fluidificadas, crucificados pelos detritos da intemperança. Mesmo assim tentam ressurgir buscando a água da Vida.
A igreja dos convidados da manjedoura não tem paramentos, nem apelos de fugaz emoção. Basta o silêncio do jumento, da ovelha, da vaca, diante da Presença. Balidos, urros, coices e mordidas da intolerância ficam para o cotidiano das pastagens.
As bíblicas serpentes prudentes jejuam e meditam quietas a despeito da interpretação literal da maldição . Não conhecem a palavra obscurantismo, porque na cadeia alimentar a lei é de causa e efeito , sem espaço para a discriminação.
Observe uma borboleta - a experiência mística da lagarta dispensa incensos, fragrâncias e bálsamos. Do amor em metamorfose nasce a beleza.
O verde existe para ser “kath holikos” sem sectarismos, pois sua vocação é pela universalidade do Todo. Se hoje as figueiras permanecem secas é porque ainda sobrevive a infecundidade espiritual. Agride-se o ambiente pela ignorância daquilo que um dia foi sagrado.
E o sal da Terra nunca será vendido em pentescostais ofertas, pois quando sai do mar da fraternidade, deixa de ser alimento, torna-se insípido.
Hoje, queimaram mais três parques nacionais, bruxas heréticas do século vinte e um. A flora erótica teve que abdicar da sua sensualidade declarando não existir mais a fotossíntese.
Queres ouvir o Cântico dos Cânticos ? Abre a tua janela , teus ouvidos e o coração. Ele acontece toda manhã, quando a passarada anuncia o alvorecer.
Vede os pombos, os morcegos e os pardais. Todos habitam igualmente, sinagogas, igrejas, santuários, casas de oração, mesquitas sobrevoando dogmas e preconceitos.
Olhando somente as uvas? Visando oferecer o melhor vinho a todos? Os ramos da videira serão sempre de um mesmo tronco.
Ofertando o pão da boa nova?
Se todos nos consideramos trigos por que enxergamos somente o joio?
Um só pastor , um só rebanho, na diversidade da vida, a unicidade do Criador .
Um mesmo sol, uma mesma lua...
A natureza é ecumênica.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL VALLOUREC & MANNESMANN FLORESTAL

A Arvore da Vida S/C Ltda. Consultoria e Elaboração de Projetos Educativos foi convidada a apresentar à Empresa Vallourec &Mannesmann Florestal Ltda., uma proposta para a elaboração de um projeto pedagógico de educação ambiental em suas áreas de Minas Gerais. O projeto e seu respectivo plano de ação serão elaborados de forma a atender às especificações do Termo de Referência aprovado através da DELIBERAÇÃO NORMATIVA COPAM Nº 110, de 18 de julho de 2007.



Equipe Árvore da Vida S/C nesse projeto.
Mário L.Bauer, Lélio C. Silva, Nelson Campos e Jerry Lopes

FOTOS DO PROJETO SEMENTEIRA MODULO II ALCOBAÇA E CARAVELAS











Trabalhamos a EDUCAÇÃO AMBIENTAL: Ecologia Humana, Biodiversidade e Cidadania

PROJETO SEMENTEIRA ALCOBAÇA E CARAVELAS BA MODULO II 2009

No mês de Setembro estivemos nas cidades de Alcobaça e Caravelas no estado da Bahia
aonde aconteceu o modulo II do projeto Sementeira.
Aonde foram tratados assuntos referente a Educação Ambiental : Ecologia Humana, Biodiversidade e Cidadania.

FOTOS DO PROJETO SEMENTEIRA EMBU MODULO V











Trabalhamos com dinâmicas, músicas, contos desenhados, sensibilização e tratamos de assuntos de higiene com palestra sobre Verminoses.

PROJETO SEMENTEIRA EMBU DAS ARTES MODULO V

No mês de agosto estivemos novamente em Embu das Artes - São Paulo
para dar continuidade ao projeto Sementeira, aonde aconteceu o modulo V,
(interrompido por causa de festividades no Parque Rizzo) cujos temas tratados
foram EDUCAÇÃO AMBIENTAL: Saúde, Biodiversidade e Cidadania
com o objetivo especificos:
  • Discutir as questões da saúde, biodiversidade e cidadania no contexto da transdisciplinaridade ;
  • Discutir e realizar novas práticas de sensibilização e instrumentação no contexto da educação ambiental;
  • Realizar oficinas contextualizadas com o cotidiano escolar;
    Promover a continuidade dos grupos de reedição do projeto Sementeira.

Reflexão para Outubro: OVOS E LARANJAS - Lélio Costa e Silva

Com tanta fome, aquele homem comprou de uma só vez, seis laranjas, de um vendedor na porta do zoológico. Imaginou que poderia sorver o caldo delicioso e depois comer o bagaço de todas elas. No entanto, de posse das seis laranjas, preocupou-se apenas em chupá-las rapidamente. Os bagaços esquecidos foram despudoradamente jogados ao chão. Absorto em seu passeio, chegou a tropeçar nas lixeiras ignoradas.
Livre, diante do recinto dos macacos-prego, arrotou retumbantemente, tentando chamar a atenção daquele grupo de primatas em cativeiro. Ninguém lhe deu importância. Num canto, uma velha macaca preparava-se para a sua refeição da tarde. Coincidentemente tinha recebido do tratador, seis ovos de codorna, fato que chamou a atenção do visitante. Teve início então o ritual alimentício da macaca. Com os ovos devidamente protegidos pela cauda semipreênsil, pacientemente, ela começou a bater o primeiro ovo suavemente contra o chão, com todo o cuidado. Cautelosa, arrancou com delicadeza alguns pedacinhos da casca, bebendo a clara e a gema como um “ manjar dos deuses ”. Após alimentar-se do conteúdo do primeiro ovo retirou pequenos pedaços da casca, lambendo-os um a um, aproveitando tudo. Somente depois de certificar-se que nada mais havia, é que passou para o ovo seguinte e assim, sucessivamente.
Intrigado, o homem insistia em chamar a atenção dos macacos. Impedido pela cerca, fazia caretas, pulava e abria os braços esboçando gestos caricaturais. Assobiava, batia palmas, gritava, cuspia e atirava objetos no viveiro. Sem sucesso.
E o tempo passou. Ovo por ovo, casquinha por casquinha, meia dúzia. Plena e satisfeita a velha macaca, por um fugaz momento, fitou aquele homem exaltado e ofegante. Indagando-se mutuamente, olhos de macaca e olhos de homem, por um segundo se cruzaram. E foi só.
De costas viradas para o estardalhaço, a velha macaca procurou um galho seco e se abrigou em seu cativeiro. Dormiu.
Anoiteceu. De repente, em meio ao desapontamento pela perda da “ guerra psicológica ”, o livre homem sentiu fome. E se lembrou dos bagaços de laranja que havia desprezado.

Reflexão para Setembro: A HIERARQUIA DAS GALINHAS E O PODER - Lélio Costa e Silva

O que faz o poder demonstrar o lado “sombra” que existe em nós, fazendo emergir a tirania? O que permite a um temporário detentor do poder tornar-se uma pessoa diferente das demais?
O estudo da conduta animal pode ser um exemplo para reflexões e analogias em nosso cotidiano. Assim, a inverossímil observação da hierarquia - ordem ou subordinação de poderes, em um galinheiro pode nos revelar aspectos interessantes e esclarecedores nesse parentesco entre o ser humano e os bichos. Desde algumas décadas cientistas (etólogos) noruegueses e norte-americanos descreveram como ocorre a luta pelo poder entre as galinhas e também entre os galos, baseada numa “ dupla hierarquia de bicadas”. A galinha mais corajosa, mais forte e mais agressiva é considerada a líder pelo resto do grupo. Na hora de dormir, a posição das galinhas num poleiro revela quem é a “chefe”, chamada “número 1” e as demais subalternas. A “chefe” escolhe o lugar mais alto e protegido e ao lado, ou logo abaixo a galinha número 2, a 3 , a 4 e assim por diante. Existem também aquelas que nem podem subir no poleiro e são essas que apresentam mais visivelmente falhas na plumagem provenientes de bicadas das mais poderosas, numa evidente postura de submissão.
Entre os galos, que geralmente não bicam as galinhas, a hierarquia consiste resumidamente em um macho senhor e dono do galinheiro fazer dos demais machos se sentirem “galinhas”.
As galinhas de posição mais elevada são também privilegiadas na hora de dormir e comer e as inferiores só terão esse direito quando as poderosas se refestelarem. Ou então acordar bem mais cedo para comer escondido. É sabido também que as “chefes” além de acordar tarde são menos eficientes no interesse sexual, mesmo cercadas de privilégios e imunidades. Regras regulamentam o comportamento diante da sua presença : as galinhas subalternas afastam-se humildemente para lhe abrir caminho. Outras observações científicas indicam que quanto mais alta a posição social de uma galinha, menor a predisposição em se entregar ao galo, ao contrário das galinhas ditas “inferiores”, bem mais solícitas ao primeiro chamado do rei do galinheiro.
Bem, para esclarecer se toda essa história não passa de uma ficção a solução é visitar e observar pacientemente um galinheiro...
Mas, sobre o poder vale ainda refletir sobre alguns pensamentos :
“Os principais desejos do homem são os de poder e de glória.” Bertrand Russel
“Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas se quiser por à prova, o caráter de um homem, dê-lhe poder.” Abraham Lincoln
“O político por vocação é um apaixonado pelo grande jardim para todos. Seu amor é tão grande que ele abre mão do pequeno jardim que ele poderia plantar para si mesmo. De que vale um pequeno jardim se à sua volta está o deserto? É preciso que o deserto inteiro se transforme em jardim. “Rubem Alves
“É possível exercer o poder de maneira “empresarialmente eficaz, psicologicamente curativa e pessoalmente gratificante”. James Hillman

Outras informações sobre a hierarquia das galinhas :

· Da mesma forma que para comer, as galinhas bebem uma após a outra , numa ordem rigorosa : A galinha 1 bebe primeiro e as demais esperam.A galinha 2 fica mais próxima do bebedouro e as galinhas 3 e 4 nem podem se aproximar até que 1 e 2 tenham terminado de beber.

· Na hora de dormir :
A galinha 1 escolhe o lugar mais protegido num canto. Ao seu lado vem a galinha 2, depois a 3 e na extremidade mais fria do mesmo poleiro a galinha 4. A 5 só pode ficar no andar debaixo das quatro primeiras . As falhas na plumagem indicam a intensidade das bicadas. Quanto mais depenadas, mais subalternas na escala hierárquica elas se encontram.

· Após um certo tempo de hierarquia estabelecida, cessam as bicadas : basta apenas um “olhar” da galinha superior para que as outras se curvem ou afastem-se.

· Se uma galinha for retirada do galinheiro por duas semanas, ela perderá seu “ posto” e terá que lutar para reconquistá-lo.

· Uma galinha recém-chegada num galinheiro terá que ser extraordinariamente agressiva para conquistar algum posto.

· Quando as galinhas de dois galinheiros se misturam o resultado é aterrorizador: penas para todos os lados e parada da postura de ovos e uma batalha feroz.
· Na hora de comer: as galinhas “ inferiores” não tem o direito de nem “ ciscar” no terreno enquanto as superiores estiverem comendo.

· Se as inferiores quiserem comer mais despreocupadas sem o risco de novas bicadas elas devem levantar cedinho, ainda escuro, enquanto as superiores dormem despreocupadamente.

· As galinhas privilegiadas “ pavoneiam-se” com a cabeça bem erguida, e passam com a plumagem bem eriçada ao lado das “ párias” , que , abaixando a cabeça, afastam-se submissas para lhes abrir caminho.

· As galinhas da “classe inferior” necessitam de mais tempo para atingir a maturidade sexual.

· As galinhas “párias” ao verem um galo deitam-se sobre o ventre e abrem as asas num convite ao acasalamento,sempre disponíveis a um mínimo chamado do galo. Já as superiores quanto maior a hierarquia menor a disposição para se entregarem a um galo.

· Plumagem da galinha chefe :mais reluzente e bem cuidada.Plumagem das inferiores : sem brilho e cheia de falhas.

sábado, 5 de setembro de 2009

Reflexão para Agosto: CARDÁPIO - Lélio Costa e Silva e Maria Pacheco M. C e Silva

Bom dia!
Escovei meus dentes brilhantes com AU-VIII, sacarina, fosfato mono-sódico, dióxido de titânio, formaldeído, fluoreto de sódio, polietilenoglicol e corantes verde e azul.
Bebi um delicioso café, adoçado com ciclamatos de cálcio e sódio e sacarina sódica.
Comi biscoitos de A-VIII e ET-III e um bolo de fosfato monocálcico, amanteigados com C-III, H-VII, P-IV e A-II, tudo aromatizado artificialmente.
Almocei um arroz temperado com parafina, AU-VI, AU-VII, inosinato e guanilato de sódio e corante caramelo, acompanhados de um filé de dietiestilbestrol, mal-passado.
Adorei a sobremesa: azul brilhante, verde nº 3 e violeta nº 1, flavorizantes, espessantes, adoçantes, estabilizantes, acidulantes, antiumectantes...
À tarde, senti necessidade de um lanche:
Língua, gordura, cartilagem, traquéias, tendões e aparas de carcaças coloridos com nitratos e nitritos. Pão de bromato. Maionese de ácido lático, anti-oxidante E.D.T.A. e ET-XXVIII.
“Matei” a sede bebendo um refrigerante com A-XIV, H-II, C-II, F-I, P-I, ET-XIX, ET-XXII, ET-XXX.
Para completar, um refrescante sorvete com aromas artificiais de leite condensado, chocolate, toffee e baunilha, além de C-II e C-V.
À noite, recusei o jantar, afinal um regime é sempre bem-vindo. Despistei a vontade, mascando chicletes com aroma artificial de tutti-frutti, ET-I e C-II.
Para relaxar, já que ninguém é de ferro, bebi um cervejota com 4,7% de álcool, AX-IV, ET-XXVI e H-VII.
Boa noite!
Prometo que até o ano 2.012 irei explodir.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Reflexão para Julho: UMA ESTRELA DE VIRTUDES - Lélio Costa e Silva

Primeiro busquei o significado da palavra virtude: “uma disposição firme e constante para a prática do bem, uma força que age ou que pode agir.”
Depois adormeci querendo saber quais seriam as principais virtudes que tornam uma pessoa melhor. Então alguém em meus sonhos disse: “A virtude de um ser é o seu valor” E me contou sobre um asteróide e seus cinco ensinamentos estelares.
Onde o azul era infinito, mar e céu viviam unidos. Neles, entre latitudes e profundidades, um ser da fantasia, uma estrela-do-mar, transitava. Pouco convencional, sem rabo nem cabeça, nem lado direito ou esquerdo, cinco braços eqüidistantes. Contrariando a normalidade? Que mistérios, que semelhanças? Nem se importaria se os outros a considerassem diferente. E se porventura houvesse interrogações, elogios ou desprezo, não se incomodaria - nunca se sentia mais importante que os outros. Ali a Simplicidade era uma presença virtuosa.
E, quando queria se deslocar naquelas águas marinhas, qualquer lado seu podia tomar a iniciativa, pois os outros obedeciam numa ação coordenada. Uma segunda virtude ali se espelhava: A Cordialidade. A ausência do individualismo, a aquiescência em favor do outro em concordância divina.
Diante das marés turbulentas, mesmo com o aparentemente sistema nervoso primário, sem cérebro, podia entender o que ocorria ao seu redor, pois para sentir o toque e a luz tinha sensores nos braços e só. Contava com o favor das ondas para não perecer diante da luz solar implacável queimando a areia ou virar comida de gaivotas ou falcões-pescadores. A cada retorno às águas profundas borbulharia mais uma virtude, a Gratidão - a capacidade de expressar o verbo agradecer retribuindo com o melhor de si : o ato de dividir a própria alegria pelo gesto de Solidariedade do mar.
Entretanto apresentava habilidades surpreendentes, um talento notável para a regeneração e o desprendimento. Quando perdia um braço ao ser manuseada rudemente podia em, alguns casos, cultivar um novo, após determinado tempo e até fazer nascer de um pedaço um novo indivíduo completo. Maior Tolerância impossível. De um ferimento o recomeço, de um fragmento a lição de mais um sonho.
E hoje desejo acordar para a luta diária querendo ser aquela estrela-do-mar, no oceano da vida. Aprendi que para isso a minha principal tarefa será vivenciar em mim e descobrir nos outros a somatória de todas as virtudes, o Amor.

ESTRELA DO MAR- Classe Asteroidea- Filo Echinodermata-Ordem Equinodermos

As estrelas-do-mar são animais que abundam em quase todas as costas marinhas, especialmente em praias rochosas e ao redor de pilares de portos. Cerca de 1500 espécies reunidas em diversas famílias vivem desde as linhas de maré até profundidades consideráveis na areia e no lodo.
O corpo de uma estrela-do-mar consiste de um disco central e cinco raios ou braços afilados.,mas existem algumas espécies com um número maior - até 20 braços.
Na superfície superior há espinhos calcários, os quais são partes do esqueleto. Uma das características mais assombrosas das estrelas- do- mar é sua capacidade de regeneração, quando perdem algum de seus braços. Existem algumas espécies que, inclusive, podem regenerar-se a partir de um único tentáculo.

FOTOS DO PROJETO SEMENTEIRA ALCOBAÇA E CARAVELAS BA